quinta-feira, 19 de julho de 2012

Morangos no pote


Aquele sotaque gostoso dele me lembrava um morango bem suculento, o sotaque ou a forma como os lábios dele se moviam pra falar uma coisa qualquer.
Me dava vontade de morder.
Sabe aquele morder de tesão?
Pois é.
E ele ficava lá falando e sorrindo e eu nem conseguia prestar atenção no conteúdo, só no som daquela voz irresistivelmente grave e naqueles lábios que eram mais do que um convite, eram um apelo pra que eu os tomasse com os meus.
Ele sorria. Sabia que eu não tava prestando atenção. Olhei fixamente pra ele e o ouvi dizer:
- Tá, M. você tá voando aí. Quer descer pra praia?
- Sim, a gente não tinha combinado isso com as meninas? Vamos, uai, mesmo nesse frio.
- Estranho pra essa época do ano, né?
- Muito estranho mesmo.
- Tu tem roupa de banho aí, ou vamos ter que passar na sua casa?
- Não, eu trouxe tudo na bolsa, vou só ao banheiro colocar o biquini e já volto.
- Tá, vou preparar alguma coisa pra gente comer.
- Certo.
Entrei no banheiro, tranquei a porta, vesti meu biquini e sai com a parte de cima, a de baixo e uma canga amarrada feito saia na cintura.
- Vem cá, comprei uma coisa pra você.
- O quê?
- Morangos, eu sei que você ama morangos. Hm. Eles tão aí no pote em cima da mesa, come enquanto eu faço um sanduíche aqui.
- Tá certo.
A ilha onde eu estava ficava bem no meio da cozinha. Ele abriu a geladeira, tirou o queijo e o presunto, o tomate, o alface, pegou o pão no armário. Quando terminou de montar os sanduíches se virou e ficou parado me olhando.
Ele ficou parado me olhando!
Depois sacudiu a cabeça, veio na minha direção com os dois sanduíches devidamente embalados colocando-os sobre a mesa e eu ri da reação dele.
- O que foi isso?
- Isso o quê?
- Essa pausa e tu me encarando desse jeito.
- Sabe o que que é? - Nesse instante ele chegou por trás de mim e colocou a mão no meu cabelo puxando ele na medida suficiente pra eu olhar pra trás e encontrar os olhos dele - É que você come o morango com tanto gosto que é uma coisa linda de se ver.
Vermelha nem começava a descrever.
E aí um beijo, um beijo gostoso, comprido, demorado, de entrega, de não aguentar mais de vontade de ser dado, de final de filme. Meu corpo todo respondia ao beijo, tanto tempo na zona da amizade valera a espera. Não conseguia recuperar o fôlego, nem abrir os olhos com medo de ser só mais um sonho. Mas não era. Os beijos dele descendo pelo meu pescoço enquanto as mãos tocavam meus seios, meu corpo todo arrepiado.
- Vem comigo, vem.
E fomos grudados por aquele beijo da cozinha pro quarto. Ele me deitou ternamente, tirou a parte de cima do meu biquini e chupou meus seios, desceu os beijos pelo meu ventre e tudo que eu conseguia fazer era ofegar e passar a mão em seus cabelos, aí ele tirou a minha canga e nem fez questão de tirar a parte debaixo do meu biquini. Só esticou pro lado e veio com força pra dentro de mim. Eu delirava de vontade, de alegria. A testa molhada de suor, o corpo dele em cima do meu, eu gemia e mordia a orelha dele e ele sorria me vendo sentir todas aquelas coisas, aquele desejo latejando, as minhas unhas nas costas dele, os meus gritos. Desamarrou o laço das laterais do biquini e jogou a parte de baixo no chão. Eu falando um monte de sacanagens no ouvido dele e ele enlouquecendo dentro de mim, cada vez com mais força e agilidade até o ápice do desejo vir precedendo a calmaria.
Ele deitou-se ao meu lado ofegante, me olhou, segurou minha mão e deu um beijo nela.
Eu o olhei com aqueles olhos de "se-eu-tava-apaixonada-antes-agora-fudeu" e sorri, me encostando no peito dele.
- Você vai contar pras meninas sobre isso? - Ele disse com calma alisando meus cabelos
- Isso o quê?
- Nós.
- E somos um "nós"?
- Sempre fomos um nós, eu acho. Só que quando eu tive coragem você não podia e quando você teve coragem eu não podia. Mas era pra gente ficar junto desde o começo.
- Eu sei que era e acho melhor não contar nada, pelo menos por enquanto.
- É, você tem razão.
- Agora, me diz, sério...
- O quê?
- Toda vez que eu comer morangos na sua frente vai ser esse o resultado?
- Muito provavelmente. - Ele ria.
- Agora, mais do que nunca, morango é minha fruta preferida. - Eu ria.
- Sua danada, você é mais gostosa que morango. - Ele disse entre beijos.
- Nhenhenhe. - Eu disse zombando dele.
- Nhenhenhe. - Ele retrucou zombando de mim.
- Banho e rua, doutor, se não depois vão perguntar o porquê da demora...
- Fica aqui só mais um pouquinho, depois a gente explica, ué.
- E explica como?
- A gente diz que foi comprar algo no mercado.
Aquele sotaque gostoso dele me lembrava um morango bem suculento, o sotaque ou a forma como os lábios dele se moviam pra falar uma coisa qualquer.
Me dava vontade de morder.
Sabe aquele morder de tesão?
Pois é...

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