sexta-feira, 29 de junho de 2012

A Dança


De uns tempos pra cá, eu só consigo pensar em como vai ser quando eu sorrir pra ele e dizer que é impossível resistir a esse jeitinho malandro-maluco-musical que ele tem, sabe? Não sei do começo, do meio, nem do final. Só sei que toda vez ele me tira pra dançar em pensamento, eu fico desajeitada e sem graça no início... Aí ele sorri com meus erros, envolve minha cintura, cheira meu cangote e diz com calma que é muito simples se eu deixá-lo me guiar, se eu for no embalo ao invés de ficar tão arredia e assustada. Eu digo, sabe como é, eu não estou acostumada. Outro cheiro no cangote e osorrisodecantodebocamaliciosodele. Assim, tudo junto mesmo, que é pra entender a velocidade das palpitações e a demora dos suspiros. E o inevitável arrepio e a risada dele. Consigo ver tudo tão claramente que meus pés nem sabem mais se pisam o chão, ou se estão no latíbulo. Sabe, latíbulo significa esconderijo e também significa morada dos deuses. E eu me sinto meio assim com ele, mesmo sem ele saber. Eu não sei se me escondo ou se me entrego, se eu tento ou se eu nego, sabe? Só sei que eu me vejo flutuando nesse piso com o corpo dele colado no meu. E ele nem suspeita...
- Isso é um "sim, eu aceito outra piña colada"? - Indagou o barman.
- Sim, outra piña colada, por favor. - eu disse num sorriso cansado e suspirei.
- Beber, ás vezes, ajuda um pouco, né?
- Pouco, mas bem pouquinho. Me ajudaria mesmo era uma piscadela.
- Uma piscadela? - Ele ria.
- Sim, quem sabe assim ele entendesse e me tirasse pra dançar...

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